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domingo, 4 de outubro de 2009

Psicologia Geral e do Desenvolvimento

A FAMÍLIA NA ATUALIDADE

Júlio César Galhardo de Siqueira
Prof. Sidnei Scleifer Taveira
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura Plena em Geografia (GED0611) – Psicologia Geral e do Desenvolvimento
22/06/08


RESUMO


A família participa dos dinamismos próprios das relações sociais e sofre as influências do contexto político, econômico e cultural no qual está imersa. A perda de validade de valores e modelos da tradição e a incerteza a respeito das novas propostas que se apresentam, desafiam a família a conviver com certa fluidez e abrem um leque de possibilidades que valorizam a criatividade numa dinâmica do tipo tentativa de acerto e erro.

Palavra Chave:Relações Sociais; Contextos Políticos; Acerto e Erros.



INTRODUÇÃO

A família na atualidade,caracteriza-se por uma grande variedade de formas que documentam a inadequação dos diversos modelos da tradição para compreender os grupos familiares da atualidade . A família patriarcal, estudada que se afirmou no contexto da cultura rural, entrou em colapso há tempo. Os modelos de comportamento que regulamentavam as relações entre os sexos e as relações de parentesco foram abandonados, ainda que, em algumas regiões e nas classes sociais menos escolarizadas e menos expostas à influência da cultura atual, possam ser reconhecidas sobrevivências de valores e de comportamentos passados que, no entanto, não gozam mais de legitimidade social, sendo reduzida a possibilidade que se reproduzam nas novas gerações. A família emerge como "o local para as lutas entre a tradição e a modernidade, mas também uma metáfora para elas" A crise do patriarcado, entendido como "enfraquecimento de um modelo de família baseado no estável exercício da autoridade/domínio do homem adulto, seu chefe, sobre a família inteira" observa-se que "a crise do patriarcado, induzida pela interação entre capitalismo informatizado e movimentos sociais pela identidade feminista e sexual, manifesta-se na crescente variedade de modos nos quais as pessoas escolhem conviver e criar as crianças"O valor da igualdade foi progressivamente assimilado ao quotidiano da convivência familiar, dando origem a formas mais democráticas e igualitárias de partilhar tarefas e responsabilidades entre marido e mulher. São abandonados os modelos tradicionais que atribuíam o primado ao marido, reservando para as mulheres tarefas prevalentemente domésticas, mas não emergem novos modelos familiares que tenham uma validade universalmente reconhecida e aceita.A exigência de satisfação no presente colocou em questão o ideal do sacrifício individual para o bem da família. O limite da disponibilidade individual ao sacrifício para o bem do outro ficou mais baixo, sendo mais rapidamente alcançado o ponto de saturação no relacionamento conjugal. A independência econômica dos cônjuges configura uma responsabilidade familiar mais compartilhada e uma posição social igualitária e, ao mesmo tempo, facilita a ruptura do vínculo familiar, quando a convivência não é mais fonte de satisfação e de prazer.
As mudanças atingem simultaneamente os aspectos institucionais da realidade familiar bem como as identidades pessoais e as relações mais íntimas entre os membros da família. Nesse sentido, observa que "ao nível dos valores sociais, a sexualidade torna-se uma necessidade pessoal que não deve necessariamente ser canalizada e institucionalizada para o interior da família" . Por outro lado, a possibilidade de gerar filhos sem o concurso da relação sexual "abre horizontes inteiramente novos à experimentação social", dissociando-se, dessa maneira, a reprodução da espécie das funções sociais e pessoais da família Os aspectos "objetivos" da convivência familiar cedem o passo a aspectos "subjetivos", por definição mais instáveis e flutuantes, decorrentes do dinamismo que as relações familiares assumem no mundo moderno. Verifica-se uma desinstitucionalização da família, no sentido de considerá-la como uma realidade privada, relevante apenas para o percurso existencial dos próprios membros. Prevalece a legitimação da família como grupo social expressivo de afetos, emoções e sentimentos, diminuindo o seu significado público. Reduz-se, assim, a importância da família como instituição, assentada na dimensão jurídica dos vínculos familiares.
A igualdade entre os sexos estende-se do quotidiano familiar até o trabalho profissional e ao empenho cultural e político, com uma progressiva tendência a não identificar nenhum trabalho como tipicamente masculino ou exclusivamente feminino. Estas mudanças foram incorporadas ao código civil, que reformulou o direito de família de modo a atender às modernas exigências.A perspectiva de realização pessoal pôs um fim à definição da mulher como rainha do lar e abriu as portas das empresas ao trabalho feminino. Isto aumentou sensivelmente os rendimentos domésticos e as possibilidades de consumo familiar e, simultaneamente, reduziu a dedicação às tarefas domésticas e à educação dos filhos.A mulher entrou no mundo do trabalho e no âmbito social, aproximando-se de modelos anteriormente masculinos mais de quanto o homem tenha-se envolvido com as tarefas domésticas, podendo-se notar uma menor aproximação dele aos papéis tradicionalmente femininos.A política de baixos salários pressiona a mulher para trabalhar. Sua entrada no mercado de trabalho, que nasceu de uma reivindicação de maior liberdade, responde, às vezes, à necessidade de cobrir o orçamento familiar. A discriminação de gênero mostra-se nos salários, para a mulher quase sempre mais baixos, em paridade de funções, dos que são pagos aos homens. Dessa maneira, o sistema produtivo também se beneficia das mudanças que ocorrem na família.
A família sempre foi o lugar do encontro entre diferentes gerações, a história é constituída por uma seqüência de gerações, ora prevalecendo a cooperação, ora o conflito. Nas últimas décadas, as novas gerações divergem da geração dos adultos e dos avós, quanto às metas que merecem ser perseguidas, aos valores que devem ser respeitados e aos critérios para discernir o que vale ou o que deve ser descartado. Por essas e por outras razões, as novas gerações experimentam, muitas vezes, uma distância e uma estranheza com relação aos pais e à geração mais velha em geral. Um confronto sistemático a respeito de aspectos relevantes da existência, em geral, é recusado, sendo considerado desgastante e improdutivo, enquanto costuma ser valorizado o ambiente da afetividade familiar, mesmo sem estendê-lo a uma comparação mais empenhativa. No quotidiano, prevalecem formas de acomodação prática e o diálogo é substituído por negociações pontuais.
Os vínculos de pertença, que ligam os pais aos filhos e vice-versa, tendem, nesse ambiente, a serem mais frouxos. Os pais reclamam que o mundo ao qual os filhos se referem como "superado", na realidade é por eles ignorado e descartado sem o receio de perder algo de interessante. A relativa freqüência de paternidade e maternidade precoces documenta a complexidade dessas relações. Nos últimos tempos, a imprensa noticiou atos de grave violência entre pais e filhos, chegando ao parricídio, ao matricídio e ao assassinato do filho por parte do velho pai, deixando entrever quão profunda e grave é a distância que foi construída entre as gerações. Por outro lado, às vezes, os adultos aderem à frivolidade das modas, segundo modelos de comportamento semelhantes aos da nova geração.
As lutas para a libertação da mulher promoveram a dignidade, conquistando liberdades para a condição feminina e igualdade de oportunidades com o homem, impensáveis até poucas décadas atrás. Mas, às vezes, a mulher vê aumentar os pesos e a dureza da vida diante de responsabilidades que deve administrar solitariamente. Outros exemplos podem ser dados a respeito da figura masculina, que tarda a recompor sua identidade nas novas condições socioculturais e tende a desaparecer da família. De maneira análoga, os filhos são chamados a carregar pesos de ausências, de rupturas de vínculos, às vezes excessivos para eles.
Na pós-modernidade convivem as posições mais extremadas, na busca daquela satisfação imediata, que aposta tudo no "aqui e agora", livres de referências ao passado, rigorosamente rejeitado e sem projeto claro de futuro. Os indivíduos parecem dispor de uma liberdade total, sem limites. Prosperam nestas circunstâncias as modas, com seu poder de sedução, que procuram orientar para um significado econômico mais definido os impulsos da liberdade individual, segundo os interesses do mercador a conveniência de uma opção ou de outra.
No caso da relação ocasional, não é elaborado um projeto comum de vida, aliás este é explicitamente recusado. A relação nupcial tende a acolher a totalidade das pessoas envolvidas, numa aceitação recíproca que valoriza as qualidades e convive com as limitações e com os defeitos, já conhecidos e assumidos como parte integrante do relacionamento. Refere-se a uma relação que tende à totalidade não somente num determinado momento, mas também no seu desenvolvimento ao longo do tempo. Por isso, relações de nupcialidade, lá onde podem ser reconhecidas, constituem uma companhia para a vida inteira com suas inevitáveis variações, uma companhia à tarefa de cada um e à construção da existência, resultando importante para o percurso humano de quem está envolvido. Nela o ser humano faz a experiência elementar, realística e benéfica de uma pertença que o faz crescer e que o torna protagonista da própria existência. Uma comunhão de habitação, de tarefas e de recursos concretiza uma história comum, que tem, no matrimônio e na família, a sua realização.
A relação ocasional caracteriza-se pelo exercício de uma sexualidade que não quer criar vínculos, a não ser momentâneos. Considera-se ocasional uma relação que não se torna projeto comum de vida, não está aberta à procriação, não gera algum tipo de vínculo e é parcial, na medida em que do outro interessa apenas um pormenor, por uma porção limitada de tempo. A parcialidade que ignora o outro no seu significado pessoal e o reduz a instrumento do próprio interesse, descreve o contexto no qual surgem os abusos e as violências sexuais. Estes também constituem relações ocasionais, nas quais a parcialidade do interesse pela outra pessoa alcança o limite máximo e explode em violência.
Na sociedade atual, a nupcialidade poderá ser vivida só como conseqüência da compreensão da importância que ela contém para a realização da pessoa. Não será mais um conjunto de circunstâncias biológicas, históricas e culturais que poderá induzir as pessoas a viverem a sexualidade no horizonte do amor nupcial, mas uma livre decisão, movida por uma autoconsciência capaz de escolher o que reconhece como mais adequado para proporcionar uma qualidade de vida melhor.

CONCLUSÃO
Nesse ambiente de profundas mudanças que atingem a família e que continuam a suceder-se em ritmo acelerado, os contextos familiares existentes, na pluralidade de configurações historicamente observáveis, parecem ser impelidos a uma permanente reformulação dos significados vividos, das metas propostas e dos métodos para que a convivência familiar continue sendo fonte de satisfação e de esperança quanto à utilidade dos sacrifícios enfrentados.

REFERENCIAS.
WWW.colanaweb.com.br
WWW.bibliotecavirtual.com.br

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